Sobre o contexto
Mó frio. Num
pleno maio pré-junho, naquele colchãonet tipo pão francês na chapa (bem
chapado!), com um cobertorzinho tipo peleja (daquele que cobre os pé, descoboterta
a cabeça, coberta a cabeça, descobre o pés), sonhando com a não-chegada do
pesadelo da hora de acordar. De_perrente, o despertador – que na realidade, é
um telefone celular – do melitiante toca.
Sobre a máquina
Bom, cabe, talvez, um parágrafo sobre o
despertador. Em tempos de um novo-velho perfil de trabalhador –
produção-acumulação flexível, logo, trabalhador mais-que-flexível (resiliente!
resistente!), polivalente (“mais valente que poli”, disse uma velha professora
[o que é diferente de uma professora velha {afinal, quase já não mais existem
professor@s velh@s, pois quase já não mais há professor@s de madeixas
embranqueadas}]) –, até o despertador, ou melhor, o celular, assume essas
características: totalflexpolivalente. O celular é, ao mesmo tempo, nada mais
do que tudo: tudo o que aquele trabalhador precisa: polivalência. Ao mesmo
tempo, flexível, até mesmo compreensível e solidário [quem dizeu que máquinas
não têm sentimentos? se human@s (os) têm...] com a situação não-engraçada
(eufeminismo para desgraçada) do trabalhador: sabe, o desperta_dor como é duro
acordar na primeira chamada [a própria escola ensinou que a primeira chamada é
só para avisar que haverá uma segunda chance {de fugir, de desistir}!]; dá um boi
pro caboclo dar os últimos respiros e suspiros (por cima e por baixo) em_de_baixo
do cobertor. É o trabalhador com plena autonomia de controle sobre a máquina
que o desperta, mas sem controle algum sobre a própria máquina (n/a) qual (se)
encarna.
Fim do
com_entário sobre as máquinas.
Bom. Este, que estas linhas (d)escreve, desperta
também e, um pouco assustado, pergunta pro melitiante do despertador que horas
eram. Cinco horas [?] Cinco e meia[?] –
respondeu o melitiante. Este, que estas
(d)escreve, pensou: que absurdo! e disse:
meu, ainda é ontem! Meia hora depois, o despertador – na real, um
celular – deste, que estas (d)escreve, desperta: é hora d’eu também levantar.
Quanto horetnocentrismo.
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