I
Tratava-se de uma expressão tipicamente familial.
Assim, naturalmente aprendera e, mais que naturalmente, passara a usá-la.
Quando alguém era mão de vaca, sovina, regulado,
miserável (ou miserento) era chamado:
“Rídico”.
Até que, num ordinário dia, alguém autodito erudito,
de imediato, faz a correção:
“Não é ridico; é ridículo!”
III
Pensando bem, “ridico” soa menos pior que ridículo.
[O ato
de pronunciar ridículo
já
parece expor exponencialmente
o
pronunciante ao ridículo.?!]
Porém, passou a usar o certo: ridículo. Por mais
ridículo que se sentisse ao fazê-lo.
E, assim, passara a cobrar da própria mãe, que o
fizera passar [por] ridículo por lhe ter ensinado o termo “ridico”, para que ela
passasse a, corretamente, pronunciar o termo correto: ridículo.
IIIIII
Cobrança daqui; cobrança de lá... : “não é ‘ridico’, é
ridículo!”
Aliás, é ridículo dizer ‘ridico’!
Dada circunstância, depois de inúmeras correções,
talvez cansada de tser chamada a atenção, ela usa o termo ‘ridico’ e diz: “eu
sei que essa palavra não existe e que o certo é ridículo, mas eu quero dizer ‘ridico’.”
XI
Talvez ela não quisesse se expor ao ridículo de
pronunciar uma palavra tão ridícula: ridículo.
IXI
Relativizando
a anti-sociolinguística.
Relativização
tem limite.
O
limite é relativo.
Seu
inferno.
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