Com fome.
Muita fome. Daquelas fome que só quem com ela convive/conviveu sabe coméqueé.
Resolvera
procurar algo pra comer, nem que fosse no lixo (,) do lixo, se é que, àquela
hora da madrugada, algo haveria de engolível no lixo.
Passou numa doceria.
Sequer lixo havia. Resolveu olhar a vitrine pra ver se conseguia enganar a
mente e a mente enganar o cérebro e a fome parar.
Mas, o efeito
foi inverso: começara a salivar e a barriga começou a ter convulsões epiléticas
em sentido anti-horário.
Na vitrine da
doceria o alerta: “vidro blindado”. ‘Nem dá...’, pensou pra si mesmo, ‘Deixa
pra lá...’.
Andou um pouco
mais e encontrou uma padaria. Nada no lixo, que já não havia. Sequer um
guardanapo de papel melecado com um pouco de maionese ou com alguma gordura
comestível havia pra mastigar.
Foi contemplar a
vitrine: “Sorria; você está sendo filmado”. ‘Sorrir... àquela altura do
campeonato... só se fosse em decorrência do efeito já quase alucino-delirante
da fome’ - pensou.
A fome era
muita. Comeria até o papelão de uma caixa de pizza usada ou então qualquer
coisa que tivesse cheiro de algo comível.
Lá na doceria o
vidro era blindado e não daria pé. Mas, e na padaria? Que vidro seria?
Procurou, procurou, até que achou: “vidro temperado”. Não deu outra... não teve
dúvidas... não pensou duas vezes: começou a lamber o vidro.
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