O
ar estava permeado por um neogospel emanado do celular da recepcionista, que,
sorrindo, estava a escrever no feizsebuq.
As
pessoas que aguardavam, não obstante a clássica placa que pediordenava
silêncio, falavam a todo vapor, rareando o oxigênio.
Os
assuntos eram os mais variados: a inflação, que só subia; o salário que só
baixava; a copa do mundo; o casamento do príncipe do estrangeiro; a prisão
ilemoral de Lula; o preço da cesta básica; a Dez mandamentos etc.
No
canto mais ao canto, uma senhora. Com toda a pele tatuada – em baixo relevo – pela
vida dura, fitava a parede com um olhar longo, perdido, longínquo e
criptonítico. Aparentemente alheia a tudo o que se passava no local, resmuncantarolava,
no seu canto, um canto triste, um triste canto: “Si as água dus mar da vida
quisé ti afogá... Si as tristeza dessas lida quisé ti sufocá...”
Enquanto
isso, num oposto canto, um dito ‘paciente psiquiátrico’, alheio aos autoproclamados
normais, folheava e lia, em voz alta, algumas coisas de uma revista da 1º de
ABRIL editada há algumas décadas: “Frêé: cada um na sua com algo incomum”.
Costumes incomuns...
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