‘Eu fico pensando se meu filho morreu. Penso se não é mentira, se não
estou sonhando. Sempre acho que é mentira. Meu filho não morreu. Só posso estar
sonhando. Meu filho não pode estar morto. Vejo a foto dele do quadro sobre o
armário e não posso acreditar que ele tenha morrido. Quando estou sozinha eu
choro alto, grito, grito mesmo. Meu filho não pode ter morrido. Não. Não pode
ter morrido. A minha solidão dói muito. Muito mesmo. Eu sinto uma tristeza
enorme. É um vazio muito grande. Eu não aceito a morte dele. Não aceito. Acho
que estou sonhando. Não pode ser verdade que isso está acontecendo comigo. Não,
Deus, não pode. A saudade dói muito. Ainda vejo ele direitinho na minha mente:
a calça jeans, o carro, ele chegando... Eu to viva só por fora. Por dentro eu
to morta, por dentro eu to morta, morta. Eu tenho vontade de sair gritando,
sair gritando pela rua. Acho que vou ficar louca. Meu filho faz tanta falta.
Meus olhos vivem sempre inchados de tanto chorar. E olha que já faz muitos
meses. Parece que minha tristeza nunca terá fim. E eu não aguento mais esta
tristeza. A maior dor do mundo é perder um filho. A morte de qualquer outra
pessoa da família não dói tanto como a morte de um filho.’
Lamentações dominicais de uma mãe que contabilizou um filho a menos.
Nem sempre a lógica da vida, se é que a vida tem lógica, segue a lógica de quem
vive, continua a/o viver. Ou a/o vivegetar.
Terraneomater, 2/3/2014, entre as
15 e as 17 horas de Brasília.
A dor da própria morte [se] dói,
[se] sente?
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