“Ciclo
de seminários homenageia centenário de Florestan Fernandes”
“O evento vai abordar a
trajetória e o legado do sociólogo e professor emérito da FFLCH, e será
realizado de 8 a 29 de julho, às quartas-feiras, com transmissão ao vivo pelo
canal da FFLCH no YouTube”
“No dia 22 de julho,
completa-se 100 anos do nascimento de Florestan Fernandes (1920-1995),
sociólogo e professor emérito da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências
Humanas (FFLCH) da USP. Para marcar a data, será realizado um Ciclo de
Seminários sobre a trajetória e o legado de Florestan, às quartas-feiras, em
quatro mesas de debate, do dia 8 ao 29 de julho, com transmissão ao vivo pelo
canal da FFLCH no YouTube.
A realização do evento
mobilizou uma rede de instituições, sendo uma iniciativa conjunta da Faculdade
com a Editora Contracorrente, a Sociedade Brasileira de Sociologia (SBS), o
Instituto para a Reforma da Relações entre Estado e Empresa (IREE), a
Biblioteca Virtual do Pensamento Social (BVPS) e a Articulação Discente pela Difusão
do Pensamento Brasileiro.
A Faculdade e a Editora
Contracorrente tinham planos de realizar o seminário antes da pandemia do novo
coronavírus (Covid-19), mas eles tiveram que ser revistos e reelaborados com a
nova situação. Então, a opção foi realizar um ciclo de seminários virtual, que
mantém a intenção de trazer tanto uma abordagem mais abrangente a respeito de
Florestan como tratar também de temas mais específicos.
Debate e coleção
A mesa de abertura contará
com o filho do homenageado, Florestan Fernandes Jr., além da direção da FFLCH e
da Editora Contracorrente.
As mesas de debate das duas
primeiras semanas, mesas 1 e 2, apresentam uma perspectiva mais ampla, com os
temas A sociologia de Florestan Fernandes e Ciência e Política em Florestan
Fernandes. Enquanto que as mesas 3 e 4, remetem a livros específicos, cuja
temática são muito atuais Revolução Burguesa no Brasil, ontem e hoje e Da
integração do negro na sociedade de classes.
Para esses debates, a
organização procurou unir pesquisadores mais jovens com consagrados, de
diferentes regiões do Brasil e mesmo do exterior. Por isso, além de docentes da
FFLCH que conviveram e/ou foram influenciados pela obra de Florestan – Maria
Arminda do Nascimento Arruda, Lincoln Secco, Gabriel Cohn, Brasílio Sallum,
Lilia Schwarcz – foram convidados docentes de outras instituições: da
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Universidade Nacional de Quilmes,
Universidade Presbiteriana Mackenzie, e as Universidades Federais do Pernambuco
(UFPE), UFRJ e da UFABC.
Durante o ciclo de
seminários, a Editora Contracorrente vai lançar a Coleção Florestan Fernandes,
reeditando a obra de Florestan, mesclando livros mais conhecidos e alguns que
só foram publicados uma vez, como Educação e sociedade no Brasil.
Segundo o coordenador da
coleção, Bernardo Ricupero, professor do Departamento de Ciência Política da
FFLCH, a intenção primordial da iniciativa é trazer Florestan de volta para o
debate público brasileiro, visto que “seus temas – como índios, negros,
desenvolvimento, socialismo, etc. – ainda são os nossos temas”.
O primeiro livro lançado da
coleção é A revolução burguesa no Brasil: ensaio de interpretação sociológica,
trabalho que saiu originalmente em 1975 “e que funciona como uma espécie de
encruzilhada na trajetória do autor, em que culmina o trabalho do sociólogo que
foi e abre caminho para a atividade como publicista revolucionário que se
torna. Cada livro trará como prefácio estudos de pesquisadores mais jovens e
como posfácio uma entrevista com um grande especialista em Florestan”, comenta
Ricupero, que também é um dos organizadores do ciclo de seminários.
Importância para as Ciências
Sociais brasileira
Florestan Fernandes
graduou-se em Ciências Sociais na antiga Faculdade de Filosofia, Ciências e
Letras (FFCL) – atual FFLCH –, ingressou como professor do curso de ciências
sociais em 1945. Na Escola Livre de Sociologia e Política, obteve o título de
mestre com a dissertação A organização social dos Tupinambá. Em 1951, defendeu
a sua tese de doutoramento na FFCL intitulada A função social da guerra na
sociedade Tupinambá. Obteve o título de livre-docente em 1953, com a tese
Ensaio sobre o método de interpretação funcionalista na Sociologia. Em 1964,
defendeu a tese de cátedra, A integração do negro à sociedade de classes,
considerado um dos trabalhos mais famosos do Brasil.
Em 1969, foi exonerado dos
quadros da USP, vítima do decreto 477, o Ato Institucional nº 5 “das
universidades”, junto com outros docentes como Fernando Henrique Cardoso e Caio
Prado Júnior. Florestan exilou-se no Canadá, atuando na Universidade de
Toronto, voltando ao Brasil em 1971. Foi deputado federal pelo Partido dos
Trabalhadores (PT), tendo participado da Assembleia Nacional Constituinte.
O professor emérito – o nono
a receber este título pela Faculdade – é considerado o fundador da Sociologia
Crítica no Brasil. Dedicou-se aos estudos das perspectivas
teórico-metodológicas da Sociologia.
“A importância de Florestan
Fernandes para as ciências sociais brasileiras é enorme. É, em primeiro lugar,
um dos principais responsáveis pela implantação no país de um padrão rigoroso
de trabalho intelectual e pela própria institucionalização das ciências sociais
brasileiras. Mas Florestan é também, em grande parte, um produto das próprias
ciências sociais brasileiras. Filho de uma empregada doméstica, ingressa, como
ainda é pouco comum no Brasil, na universidade e, mais especificamente, na
Faculdade de Filosofia [Ciências e Letras], que acabara de ser criada pela
"missão francesa" e outras missões estrangeiras. Desde então, suas
pesquisas e de orientandos chamaram a atenção para índios, negros, imigrantes,
os "de baixo", como gostava de dizer, personagens que antes não
tinham grande espaço no pensamento brasileiro”, destaca Ricupero.
Programação:
O Ciclo de Seminários em
comemoração ao centenário de Florestan Fernandes será realizado do dia 8 ao 29
de julho, às quartas-feiras, em quatro mesas de debate, com transmissão ao vivo
pelo canal da FFLCH USP no YouTube.
Abertura 08/07, 17h: Maria
Arminda do Nascimento Arruda (USP), Rafael Valim (Editora Contracorrente),
Florestan Fernades Jr.
Mesa 1 - 08/07, 17h30: A
sociologia de Florestan Fernandes: Elide Rugai (Unicamp), Maria Arminda do Nascimento Arruda
(USP), Alejandro Blanco (Universidade
Nacional de Quilmes – Argentina)
Mesa 2 - 15/07, 17h30:
Ciência e Política em Florestan Fernandes: Silvio Almeida (Universidade
Mackenzie), Lincoln Secco (USP), Eliane Veras (UFPE).
Mesa 3 - 22/07, 17h30: A
revolução burguesa no Brasil, ontem e hoje: Gabriel Cohn (USP), Brasílio Sallum
(USP), Antonio Brasil (UFRJ).
Mesa 4 - 29/07, 17h30: Da
integração do negro na sociedade de classes à revolução burguesa no
Brasil: Lilia Schwarcz (USP), Jessé
Souza (UFABC), Mário Medeiros (Unicamp).”
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