Não... ele não mudara. Não mudaria. Não mudará.
Afinal, “princípios são princípios”. “Com princípios não se negoceiam”,
deblaterava farisaicamente ela, batendo, de mão espalmada, na caixa toráxica.
Continuava defensor do “livre mercado”, da “livre concorrência”,
da... da... da...
Continuava contra... o “Estado burocrático oneroso”,
contra o “custo Brasil”, contra...
Continuava defensor da “ética”, da “moralidade”, dos “bons
costumes”, da... do... das... dos...
Agora, ele que já era ativista de um coletivo “pela
paz”, era também ativista da anticorrupção: “ética na política” !!! ... Era seu novo bordão.
Não mudara. Não mudaria. Não mudará. Afinal,
“princípios são princípios”. “Princípios não se negoceiam”.
Mas...,
A vendedora de pastel que, para tentar ganhar a vida,
instalara-se na esquina do seu supermercado passara a o incomodar: ela roubara
um percentual significativo da clientela d mercado. Ninguém ousava fazer nada
na “rua dele” sem antes lhe “pedir a benção”. Quanto atrevimento daquela
abusada.
Pensou em mandar seus capanguranças quebrar a barraca
dela, dar um cacete nela ou até mesmo... Mas, resolveu fazer desta a última
opção. Assim evitaria gastos e exposições desnecessárias.
Recorreu ao Estado. Realizou uma denúncia, não por
ela não ter alvará da vigilância sanitária, pois ele também não tinha e achava
aquela exigência uma excrecência. O motivo era por ela não emitir nota fiscal.
Ou seja, “concorrência desleal”! Além de “desonestidade, óbvio!”
Os estabelecimentos dele? Claro que emitiam nota
fiscal! Desde que o cliente exigisse muito. Afinal, cliente chato tem em todo
lugar. Mas, logo isso iria passar: era só acabar com essa tal história de Nota
Fiscal Paulista, exemplo típico de um “intervenção” do “Estado burocrático” no “livre
funcionamento” do ‘livre mercado”.
Bom, mas a sua preocupação principal, naquele
momento, era aquela “impostora” e “concorrente desleal”.
Concorrência e lealdade: um para_doxo?
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