Sobre World,
sanitários, gramática e outras coisas: inflexões
Dias
desses, pensava sobre como, do ponto de vista de gramática normativa da Língua
Portuguesa, o Word é um tremendo traíra. Isso por diversos motivos. E
não se trata de xenofobia lingüística, ou, mais especificamente, anglofobia.
Nem mesmo lusofilia. Ou aversão à informática, à MicroGates ou coisa assim.
Em
outras palavras, acho que o Word é uma espécie de analfabeto
antifuncional, pois se acha – ou acha-se? - no direito e competente para corrigir
erros, ou o que ele entende por erros, de fonética, fonologia, ortografia,
morfologia, sintaxe, pontuação etc., quando sequer sabe o que @ teclante
pretende escrever. O Word não consegue entender que a palavra escrita,
em algumas situações, está muito aquém do sentido que a ela se pretende
atribuir.
Voltando
à hipo-tese de que o Word é um tremendo traíra, começa pelo fato
de ele não saber se se está fazendo referência, para além da etimologia, a uma
possível conjugação do verbo trair ou se se está referência fazendo àquele
peixe – ou peixa? – antropocentricamente denominado traíra, ao se
utilizar, neste pseudotexto, a palavra traíra.
Será
que isso não é uma evidência de que o Word, para fins gramaticais, é um
perigo, em especial quando o assunto é acentuação, até porque, se se escrever
evidência sem o circunflexo, ou seja, evidencia, ele, o Word, aceita,
sem gritar, seja em verde ou vermelho. Portanto, o fato de o Word ficar
confuso com a palavra evidência pode ser uma evidência de que é preciso
desconfiar: das correções e não-correções, das sugestões e outros ões do Word.
À possível pergunta sobre se o World é um bom companheiro para se
aprender a gramática, talvez a resposta mais sensata – ou menos insensata? –
seja: depende.
Já o vulgo banheiro, para alguns
WC, para outros, sanitário, para outros ainda, ainda outras terminologias,
comumente – ou normalmente? – é associado única e exclusivamente às
necessidades fisiológicas (por que não Biológicas? Humanas? Exatas?
Exatamente!), como se fosse a única finalidade, ao utilizá-lo, sair mais leve.
Dias
desses, pensava sobre como, do ponto de vista da gramática normativa da Língua
Portuguesa, o sanitário da FFC é um tremendo aliado, além de ser um excelente
passatempo. Uma ressalva: pelo menos os sanitários masculinos. Não. Não se
trata de questão de gênero, sexismo, machismo ou algo do gênero.
É que nunca entrei nos sanitários femininos! Voltando aos sanitários, voltando
à gramática, enfim, voltando, é que nos sanitários parece ocorrer de forma
efetiva a interdisciplinaridade. Enquanto nas salas de aulas os assuntos são
tratados disciplinarmente (no amplo sentido da palavra, inclusive no que diz
respeito ao radical para com os raros espécimes de radicais recalcitrantes que
ainda restam).
Para
não prolongar a divagação sobre os sanitários, fica uma sugestão apresentada
num deles: “Habitue-se a ler.” Talvez tenha faltado um complemento: E também –
ou principalmente? - a escrever. E, quando necessário, corretamente.
Aprende-se:
a andar, andando; a nadar, nadando; a coisar, coisando; a ler, lendo; a
escrever, escrevendo. Logo, pode-se inferir que se aprende – ou aprende-se? - a
gramaticar gramaticando.
Voltando
aos sanitários, “Habitue-se a ler.” E a escrever. E, quando necessário,
corretamente. E ponto final.
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