Ele começou a trabalhar cedo,
muito cedo: 11 anos. Não teve, portanto, tempo muito pra brincar.
Ele se aposentou “jovem”, até
porque, começara a trabalhar ainda criança. Na sua éprica, não havia
adolescência: era isto ou aquilo; era ou não era. Ele era. Até hoje diz ser:
homem.
Ela, já na 4ª idade, cheia de
reumatismos, bico de pagapaio, dores até n’alma [que a pseudopsicomedicina
denomina somatizar], não consegue, nem conseguirá, se aposentar, exceto que o
aposento seja a cozinha, o banheiro, a lavanderia.
Afinal, ela nunca trabalhou. Teve
o privilégio de brincar de casinha e de boneca desde o nascer até o casar,
quando da pré-menarca. Antes, cuidara de seus irmãos, da casa, de seu pai.
Após, cuida[ra] dos próprios filhos, do marido.
Só, ouve, se aposenta quem
trabalhaou, não quem batalhaou. Ela nunca trabalhou na vida. Na vida só fez
serviço de mulher. Do lar. Dólares.
Planta-se, se colhe. Se planta se
se colhe. Várias décadas depois, [a história não se repete?], ele, aposentado,
até porque, sempre trabalhou, tá no buteco. Ela, que não trabalha e nunca
trabalhou, não se aposentou; está em casa, preparando o almoço para ele, que
tem compromisso à tarde, noutro buteqo. Farsa ou comédia.
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