O ato d’escrever pode colocar o ator na condição de suspeito:
suspense, suspeição. Atrai olhares, às vezes, coléricos, como que a dizer:
q’escreves? Q’subscreves? Q’assinas? A quem deletas? A quem delatas?
Butequeiro: pensa que é da vigilância sanitária
Açougueiro: pensa se tratar que é a puliça na cola das carnes
clandestinas
Gerente-frentista: que é da inspeção de qualidade da bandeira do
posto
Nóias: que tá mapeando
Entregadores: que estão sendo vigiados
Fregueses: que estão sendo pesq[s]ados
A puliça: tem certeza de que escrever é uma atitude no mínimo
suspeita, inda mais quando o suspeito não é da casa. Se for da corregedoria, tá
morto. Se não for, leva porrada.
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