Cansado das
hierarquias sociais verticais, cansado da condição de dominado, porém, contraditoriamente,
sem querer ser dominante, resolvera participar de uma organização que, a princípio,
adotava princípios condizentes com seus princípios.
Em princípio, a
princípio, tudo ia muito bem. Porém, durante a assembleia, as falas eram sempre
as mesmas:
“a base nos dá
legitimidade”
“temos apoio da
base”
“o que
decidirmos aqui, a base terá de acatar, pois a assembleia é a instância máxima
deliberativa”
“a base... isso;
nós... aquilo”
“nós... aquilo;
a base... isso”
Na hora, pensou
em quase-Todorov: nós e a base. Pensou também noutra possibilidade, à francesa:
a base é nóis. Mas, esse não era o causo.
Era muito lento
de pensamento inclusive. Ingênuo. Na real, burrinho. Não entendia bem a coisa.
Até porque, não pensava dialeticamente, dizia a vanguarda.
Fazendo uso da
lógica formal, já que não era dialético, pensou, imaginando uma pirâmide: se
el@s fazem referência @s outr@s como “a base”, significa que el@s estão no
topo.
Ele, como não é/era
nem faz/fazia parte del@s, era/seria parte da base. A base fica na base para servir de base para
alguém ficar em cima. ?
Ou seja,
continuam as hierarquias sociais verticais. Continua a vanguarda iluminada a
iluminar o caminho que levará ao esclarecimento da consciência daqueles que
habitam os porões da caverna: a “classe operária” tomzéniana. Continua alguém que concebe/manda e alguéns
que executam/obedecem.
Foi questionar
uma liderança. Ela disse que nada a vê, que ele estava analisando o
movimento a partir de categorias liberais. Ela disse para, em vez de fazer
analogia com a pirâmide, utilizar categorias críticas, e estaria resolvido o problema: em vez de pensar
base-topo, pensar estrutura-superestrutura. Pronto: estava resolvida a (in)equação.
Baqtinianamente,
as palavras são carregadas de sentido, de intencionalidades-teleológicas.
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