Linha Padre
Nóbrega/Presídio, Marília, 14 de abril de 2012.
Na fila, sacolas
plásticas transparentes. Algumas, colocadas dentro doutras: privacidade
almejada. Umas mais cheias. Outras, mais vazias. Outras, quase esvaziadas.
Numas,
principalmente produtos ditos de primeira linha. Noutras, malemá, tubaína
finada.
Numas, só coisas
industrializadas. Noutras, mais coisas caseiramente preparadas, rangos de
quebrada: macarronada com frango, macarronada com salsicha, arroz risoto, pão
caseiro, farofa, doce de abóbra, etc.
Aquelas sacolas,
transparentes, obrigam as pessoas a mostrarem tudo o que [n]as sacolas
carregam. Aquelas sacolas transparentes permitem que terceir@s fiscalizem tudo
o que nela está a ser transportado. Exceto...
Exceto as dores,
as angústias, os medos, as vergonhas, os constrangimentos, as humilhações, as
desesperanças, desilusões. E, por que não, as alegrias, as coragens, as
esperanças fêniqas? Isso tudo parece que, às vezes, transparece nos rostos dos
olhares das pessoas das sacolas transparentes.
E ainda há
gentes que acreditam piamente naquela caôzeira de que “a pena não passará da
pessoa do réu”, apenas.
Linha Padre
Nóbrega/Presídio, Marília, 14 de abril de 2012.
Nenhum comentário:
Postar um comentário