terça-feira, 1 de novembro de 2011

Acerca da cerca


Gostaria de escrever algo à cerca da cerca. Ratifico e retifico: acerca da cerca.



Apesar da transpiração – seca - para escrever acerca da cerca, falta inspiração acerca da cerca.



Dizem que o segredo é conseguir formular uma pergunta certa acerca, acerca e não a cerca, nem à cerca, do que se acerca, neste caso, a cerca.



A pergunta, parece que tenho: o quê exatamente você – eu, é lógico! – gostaria de escrever acerca da cerca?



Bom... acerca da cerca...? Na real é que, quando comecei a pensar acerca da cerca, foi devido ao fato de, naquele instante, haver (será que nunca a esquecerei?), no caminho, uma cerca. Branca. Que contrastava. Com o mato. Verde.



Do meu ponto de vista, além cerca, vacas. Como que eu sei que eram vacas e não vacos? Óbvio: a regra. Quem é da roça liga.



As vacas pareciam me-olhar-me. Aquém cerca, este que vos psicografa. Embasbacado (pode um babaca ficar embasbacado?) com algo tão trivial: uma cerca.



Aí veio a intriga: o que me acerca acerca da cerca? Cerca tem cerca? Na canaã  sim: é uma cerca cercano a otra. Cerca após cerca. Cerca atrás de cerca. Cerca na frente de cerca. Cerca dentro de cerca. Cerca intra cerca. E os cabocro tudu cercadu.



Neste rascunho de divagação acerca da cerca, me veio uma idéia: acerca, neste caso específico, é pra cercar [a] quem? Pra proteger [a] quem de quem?



Pra cercá eu das vaca ou estas deu? Ou deram? Pra protegê eu [ou o Eu] das vaca ou estas do eu, este meu-eu (externo ao meu mim-interior, eu-meu-interior)? Pro primeiro, a última. Pra última, o primeiro. Tenho dúvidas.



Como isso? Cerca o pensamento aí, trútu!



De acerca do pasto para acerca da cerca do cemitério: a cerca do cemitério: é pra proteger quem de quem? Os vivos-dos-mortos ou os mortos-dos-vivos? E o R.I.P.?



Sei lá. O propósito era divagar acerca da cerca, e não acerca do que a cerca acerca, isto é, a finalidade última da cerca, ou seja, do que a cerca cerca.



A praxe reza: introdução, desenvolvimento, conclusão.

Como não sei o que escrever acerca da cerca, e precisa haver uma conclusão, mesmo que inconclusa, valho-me da contribuição de uma trutage (que remete à formula um) e que, doravante, será a conclusão mais usada e citada: “A conclusão é que não dá para concluir nada.”


Acerca da cerca

Nenhum comentário:

Postar um comentário