quinta-feira, 14 de maio de 2020

diosexlibro










I

Considerou aquela guriazinha simplesmente encantadora, talvez por ela não ser uma grandessíssima e perfeita idiota como a ampla maioria de adultos do seu entorno. Poucos instantes escutando-a foram suficientes para esse efeito cativante. Decidiu imediatamente: gostaria de vê-la e ouvi-la mais e mais vezes, como em Mil e uma noites. Mas, como conseguir isso?


II

Então, a guria, já em tom de finalização dos prolegômenos, ou melhor, daquela centrípeta conversa, pediu-lhe, aparentemente não sem um certo constrangimento, meio pão e um livro, agradecendo antecipadamente e apresentando suas escusas pelo incômodo e pela ousada ousadia de não pedir apenas alimento para a dimensão fisiológica.


III

Eureka deus ex machina!  Suspeitou, em tom de certeza: ambas conheciam García Lorca. Portanto, ambos desejos, ou melhor, os desejos de ambas seriam atendidos. Inverteu a equação. A desordem dos fatores, nesse causo, adequaria o produto. Deu-lhe um pão e meio livro. Isso seria, seguramente, a garantia do retorno.


X


E isso serviu de mote para o início da escrita do seu próximo livro: ‘A garota que pedia livros’. Ou será que ficaria melhor ‘Meio livro e um pão’?













Para @. 


Nenhum comentário:

Postar um comentário