sexta-feira, 21 de março de 2014

pazo

Olhar vazio
olhos desprovidos de brilho
A vida, dura, ensina a endurescer
mãos hábeis, prontas para, em condições de
matar ou morrer[-se]
era só uma questão de quem primeiriria.

Aliás, morto já está
desde o nascer
aborto social
criminoso potencial
potência real
pulsões de vida em pulsões de morte
pulsões sentidas na carne, do encéfalo inclusive
carne que, pelaS próprias inapropriadas condições para viver
vive 
em condições de, pronta para
entrar em estado de rigidez cadavérica

pânico na Zona Norte

Irmãos Panico: empreendinvestimento de sorte.

fiça

quando ortuk era o ortuq, tudo era [no/para] ortuk – ontem, hoje e ternamente.
orkucentrismo – qpassa, qpassou.

hoje? bom... hoje mudou de ideia:
quem não tem facebook – bom, sujeito não é! tem distúrbios de personalidade, desvios no pé
feiz-se-bucentrismo – qainda dura.


toda honra-o rei: feiz-se.

quarta-feira, 19 de março de 2014

doem

Cheiro de madeira.
Cheiro de mato
Cheiro de poeira
Cheiro de chuva
Cheiro de terra
Cheiro de medo
O medímetro dispara. E se depara:
Medo imedível. Imediável. Irremediável.
Medo instalado
Medo de tudo.
Medo do nada
Até do silêncio
Da ausência
Presença, também
Há medos dos quais se pode correr, se pode enfrentar, resistir, mesmo sem conseguir.

Há medos dos quais não se pode correr, nem resistir
sob as penas da lei
nas barbas da lei
lei de olhos propositalmente vendados
Agentes do Estado
Em Estado de_s_graça.

Medo: não posso me_dar ao luxo de não sentir

In_segurança segura_mente as_segurada.


MEDO DE MIM.

terça-feira, 18 de março de 2014

chuca

A chuva cai. Caía. Caia.
De_baixo, para a_cima.
Pássaros, felizes.
Cães, irreverentes sacodem a pelagem, molhe h_a_quém molhar.
Humanóides reclamam de_para Deus:
- Pômeu, vai deschapar minha capinha. Aí descobrirão que minha peruca não é lisinha!
Humanóides! H_a_penas: humanoides.
A chuva cai. Caía. Caia. Nem aí com a chapinha da dondoca, cai chapadamente.
O pássaro, feliz acantar.
O cachorro, mais inconsequente, veio me cumprimentar, mandando água pra todos os lados.

A dondoca deu linha na pipa: vai que pinga água na madeixeira...

domingo, 16 de março de 2014

aniver

quando nascemos?
quando começamos a respirar
quando começamos a ter consciência de que vivemos
quando nos damos conta de que viver não é opção nossa
quando nascemos?

pitangüy pitangüeiras
na necropsia baldã calhares identificará
nada o_culto ficará

técnica do formol
empalhamento
empalação
criogenia
criacionismo evoluído
formalidades conteudísticas

um paradoxo:
comemorar uma coisa que se pretende esconder
verbal, mente
corporal, mente
enfim,
mentes

quando nascemos
quando vivemos
quando morremos
de corpo, de alma, de_mente
...
quando
?


chexa

Aofinal
quem se acha
que certeza tem
de que
flor que se cheire
é
é
porque nunca

se cheirou.

sábado, 15 de março de 2014

paulal

De ‘origem humilde’, ela tivera ‘sorte, muita sorte’. Como a mãe tinha muitos filhos e tinha muita influência na comunidade, um político esperto e experto em polític_a_partidária, intermediara um emprego para a filha mais velha para trabalhar de aprendiz num escritório de contabilidade.

Com os ‘talentos natos’ que, ‘graças a Deus’, aprendera no escritório, tornara-se uma peritexperta em fraudar o fisco e outras coisinhas mais. De posse desses ‘talentos abençoados’, ‘dádiva divina’, conseguiu aumentar seu círculo de amizades, ‘selecionadas a dedo’.

Amizades influentes, em troca de favores – tudo dentro da lei. Um mamão suja outra e, às duas, sua cara. Assim, ‘subira na vida’: arrumara um carguinho comissionado no ‘serviço público’.

De barriga cheia e com as carências e necessidades supridas, literalmente com o dinheiro público, era pauliniana fundamentalista-ortodoxa: ‘que cada qual permaneça no lugar onde fora colocado, ou melhor, chamado’. Afinal, ‘nada é por acaso’. ‘Deus sabe o que faz e o que não faz’. ‘Cabe a todo mundo aceitar’.


Bom, quanto ao postulado de que nem tudo o que lícito [lhe-me] é conveniente... bom, isso não convinha a ela. Paulão não é uma teoria sistemática, ainda que fosse sistemático e, nessas horas, muito inconveniente. Hora, ora!

finde

Fim de tarde.
BR-153 – mais que 1830, menos que 1930. QTR.
Quase noite, a lua e as estrelas se preparam para assumir seus postos.
O sol está[-se] [sa]indo. Bem.
As nuvens, depressa, também se movimentam.

O trabalhador
, que batalha de sol a sol – sol que também a [se] ir está –,
de dó a si,
também tem pressa:
fim de tarde, finde.

Mas a tarde tarda a fim dar.

rere

cansado do passado ser pra trás
sem perspectivas do futuro ser pra frente
resolvera resolver a pendenga e aparar as arestas:
tirar todos os obstáculos de sua frente, De seu caminho
para (p)reparar os caminhos das pedras
resolvera
 revolver com o revólver

todas as pedras do caminho.

quarta-feira, 12 de março de 2014

olionoolio

Habituado a proferir uma converseira mole e sentenças prontas, disparou aquele que tudo sabe, tudo vê, tudo sente:

- ‘Conversa de verdade tem que ser olho no olho. Conversa de gente que presta é assim: olhando no olho, sem óculos escuros, palavras firmes, em alto e bom som...'


Um cachorro vira-lata que era obrigado a ouvir essas merdas de converseiras pensou: e os cegos, os estrábicos, os surdos, os... ... ... humanoides é uma merda!

lá_ment'ações

‘Eu fico pensando se meu filho morreu. Penso se não é mentira, se não estou sonhando. Sempre acho que é mentira. Meu filho não morreu. Só posso estar sonhando. Meu filho não pode estar morto. Vejo a foto dele do quadro sobre o armário e não posso acreditar que ele tenha morrido. Quando estou sozinha eu choro alto, grito, grito mesmo. Meu filho não pode ter morrido. Não. Não pode ter morrido. A minha solidão dói muito. Muito mesmo. Eu sinto uma tristeza enorme. É um vazio muito grande. Eu não aceito a morte dele. Não aceito. Acho que estou sonhando. Não pode ser verdade que isso está acontecendo comigo. Não, Deus, não pode. A saudade dói muito. Ainda vejo ele direitinho na minha mente: a calça jeans, o carro, ele chegando... Eu to viva só por fora. Por dentro eu to morta, por dentro eu to morta, morta. Eu tenho vontade de sair gritando, sair gritando pela rua. Acho que vou ficar louca. Meu filho faz tanta falta. Meus olhos vivem sempre inchados de tanto chorar. E olha que já faz muitos meses. Parece que minha tristeza nunca terá fim. E eu não aguento mais esta tristeza. A maior dor do mundo é perder um filho. A morte de qualquer outra pessoa da família não dói tanto como a morte de um filho.’

Lamentações dominicais de uma mãe que contabilizou um filho a menos. Nem sempre a lógica da vida, se é que a vida tem lógica, segue a lógica de quem vive, continua a/o viver. Ou a/o vivegetar.
                       

Terraneomater, 2/3/2014, entre as 15 e as 17 horas de Brasília.




A dor da própria morte [se] dói, [se] sente?

terça-feira, 11 de março de 2014

fove

formulações verbais
palavras doces
encenações mentais
pensamentos pensos
posturas corporais
gestos
jeitos
gentes

atos, palavras, pensamentos e omissões

acá

cachorr@s também amam
                                                       :
                                                       amor canin@

                                                       .

proteu

oh terra, terra, terra
oh terra, terra, terra

terra prometida
prometeu queimou[-a]
promessa?
terra prometida, mas
só para os escolhidos?
poucos são os escolhidos?
quem escolheu os escolhidos?
quem escolheu [,] quem os escolheu?

oh terra, terra, terra

oh terra, terra, terra

segunda-feira, 10 de março de 2014

esquematozóvulo

V
Uma das habilidades sobre_artificiais humanas é contar histórias. Pelas histórias o homem atribui sentidos a coisas sem sentido algum. A mulher também. Pelas histórias a mulher desatribui sentidos a coisas com muitos vários sentidos. O homem também. Pelas histórias a humanidade faz da história a própria história. Uma história imprópria. Pelas histórias, quase sempre meladas, algo é amado. Pelas histórias, sempre sempre melecadas, algo é odiado até a enésima degeneração.

IV
Quase todo mundo – desse pequeno mundo – quase já ouviu falar, quase já decorou, quase já contou e, quase certamente, quase acreditou em uma quase história: que cada pessoa é uma grande vencedora desde antes da concepção, pois, dentre zilhões de zilhares de ex-permas, foi a única que venceu a grande olimpíada mortal de vida, da vinda à luz. O único esperma que, ao final da carreira, combatido o bom combate, pôde e pode dizer: vim, vi, venci e vivi. Esta historieta serve de mote para autoajuda prestada por terceir@s para, inclusive, levantar a baixa autoestima que, pela lei da outrajuda, deve estar sempre em alta.

III
Mas, e se a historieta fosse contada de um modo um pouquinho diferente do convencional. A cada período, conforme os momentos dos deuses, em uma terra muito distante da Terra, a Espermolândia, como forma de expiar o inexpiável, um esperma era sacrificado em nome de todos os espermatozoides. Assim, entre os tetra zilhões de espermatozoides, por regra, um, apenas e tão somente um, era prêmio-condenado a fecundar um óvulo e a se tornar um mutante humano, um misto-não-híbrido de óvulo com espermatozoide. Seria um humanóide.

II
O esquematozóide é mais ou menos o seguinte: em vez de ‘falsificações da história’, por que não inversões das histórias? Ou invenções da história? Dá(ria) cada história, cada ex-tória! Estore com a história – history’store: Não conte até zero pra contar outra história que não a história contada que sempre [se] contou.

I
Por intermédio da história... humanizações... desumanizações. Por meio da história, quantas histórias, historietas, marios, pedras, antonietas. Mas, o que é a história? Algo muito perigoso. Algo muito milagroso. Algo muito plástico-explosivo. Colocar a história à prova: uma questão de plasticidade cerebral.

VI
‘V de vingança’ ou V de vitória? Afinal, a rigor, em última instância, em essência, qual a fragrância da [sua, minha? nossa!] história?

XI!
Finda a história,
Fim da história.

Sem aspas, por favor. As aspas devem ser poupadas: na Caderneta de Poupança Haspa.

vãguete

vãguarda
vãglória
vãguardoso
vãguardista
vãguardismo
vãguardalidade
vãgosa
vãguardus inglórios
na glória...

água da ‘bica da glória’

a água que combate o vãguism@teu.

soma

Foi pedir uma informação. Apenas uma informação.
Mó medo de confundido ser com ladrão.
O frentista, trêmulo de medo, implora com os olhos: não atire, não, meu irmão.
O dono do posto, mêdulo: estão ambos em associação?
Os nasciprogramados pra matar estão pronto pra’o dedo ‘sentar e,
sob o manto de um heroísmo-corajoso, o medo extra_vazarem.

‘tempos difíceis’ – sociedade medoval

lã ternagem

Plástica, plástica
Plástica, plástica

plástica na boca, plástica
plástica nas bochechas, plástica
plástica nas narinas, plástica
plástica nas nadégas, plástica
plástica na barriga, plástica
plástica nas panturrilhas, plástica
plástica nas orelhas, plástica
plástica na língua, plástica
plástica na vagina, plástica
plástica no encéfalo, plástica

Plástica, plástica
Plástica, plástica

Mentalidade plástica
Plasticidade celebral
célebre
celebridade
celeridade
Plasticidade em_si_fálica
AVE! AVC! Avec ça!

Plástica, plástica
Plástica, plástica

Plástica na boneca, plástica

Plástica na boneca plástica.

nit

Nietzsche
Número de Inscrição do Trabalhador.

Proletarizando o NIT.

domingo, 9 de março de 2014

abtu

Tatuado nas mãos
tatuado na face
:
estuprador!
jurado de morte
ser indesejado
aqui ou [a]onde for

cada lugar uma moral
cada local uma ética
cada grupo uma|sua justiça
que [se] julga com certeza superior
‘ninguém é mais que ninguém’?
absolutamente!
absolutamente?
absolutamente.

Ainda que seja um absoluto relativamente relativo.

vopu

diz, o ditado:

a voz da vãga
é
a voz da vãga.

dura lex – durex
sede lex – sedex

duplex
vãguardex

– vãguarda que já se será