quarta-feira, 12 de março de 2014

lá_ment'ações

‘Eu fico pensando se meu filho morreu. Penso se não é mentira, se não estou sonhando. Sempre acho que é mentira. Meu filho não morreu. Só posso estar sonhando. Meu filho não pode estar morto. Vejo a foto dele do quadro sobre o armário e não posso acreditar que ele tenha morrido. Quando estou sozinha eu choro alto, grito, grito mesmo. Meu filho não pode ter morrido. Não. Não pode ter morrido. A minha solidão dói muito. Muito mesmo. Eu sinto uma tristeza enorme. É um vazio muito grande. Eu não aceito a morte dele. Não aceito. Acho que estou sonhando. Não pode ser verdade que isso está acontecendo comigo. Não, Deus, não pode. A saudade dói muito. Ainda vejo ele direitinho na minha mente: a calça jeans, o carro, ele chegando... Eu to viva só por fora. Por dentro eu to morta, por dentro eu to morta, morta. Eu tenho vontade de sair gritando, sair gritando pela rua. Acho que vou ficar louca. Meu filho faz tanta falta. Meus olhos vivem sempre inchados de tanto chorar. E olha que já faz muitos meses. Parece que minha tristeza nunca terá fim. E eu não aguento mais esta tristeza. A maior dor do mundo é perder um filho. A morte de qualquer outra pessoa da família não dói tanto como a morte de um filho.’

Lamentações dominicais de uma mãe que contabilizou um filho a menos. Nem sempre a lógica da vida, se é que a vida tem lógica, segue a lógica de quem vive, continua a/o viver. Ou a/o vivegetar.
                       

Terraneomater, 2/3/2014, entre as 15 e as 17 horas de Brasília.




A dor da própria morte [se] dói, [se] sente?

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