segunda-feira, 30 de abril de 2012

princípios


Uma cerva.
Qual?
Da mais barato. Ou menas caro.
Ah... um minduka tamém.
Do qual?
Do mais barata. Ou pior, da menas caro.

Olhares estranhos. Silêncio. Prolongado e proposital. Com fins constrangedores. Risos. Muitos risos. Risos que chegam a ser... risos.  Risos irrisórios!

Será que eu vou berrá?!!!
Vai vai vai
Ah... só vai!
Será que ele é [uma afirmativa-perguntante-mais-que-afirmativa]
Ah... só é...
De campynaz? Torneira rasteira? Manda trazer água de lá...
Só é... no bicho... 24 no grupo...
Que isso? É 111...
Não... é lagartão... faz defesa com o rabo! Golerão!
Hagaivétivo, com certeza... depois tem que quebrar o copo...
Não deixa ele sentar no banquinho...
Ré na caixa leve! E sem arranhar.
Mija pra trás!
Ou é campynêz ou pelotêz.... Tem cara de pelotêz.
Das duas!
Ou é ou foi ou será...
As três!
Põe a mão no chão, com certeza...
Só a mão? Arrasta a gravata! Faz a barba na calçada.
Mija sentado. Só pode...
Ou sentada?
Se você tivesse um filho assim?
Ah!... eu matava. No ninho. Prefiro bandido.
Ah... ia apanhar até virá home! Endireitava na porrada! Que nem gato no saco.
E se sua fia aparecer com um tipo assim em casa?
Eu não tenho nada contra 24 no grupo! Só uma 12 até a boca de balote.
Usa o banheiro delas... só pode...
Se eu gostasse dessas coisas, seria papai-noel [sic!]

Honrado. Óculos grossos. Sério. Cara de bravo. Tradição. Propriedade. De U.S. Pátria. Família. Valores sólidos. Casados pra sempre. O que Deus uniu o homem não separa. Nome a zelar. De família. Intransigente. Família estruturada. De boa família. Democrata. Camisa engomada. Só ambientes familiais. A princípio, em princípio, com princípios: não transige.

Embelezador vai... embelezador vem... desinibidor vai... desinibidor vem... Cobre (cobre na tabela periódica!) de bêbado não tem proprietário! Depois de umas tantas, o moralista-mor, já mais-que-simpático-sintético-analítico, já falando em symbol 5 itálico sublinhado negrito caixa baixa centralizada, na saída do banheiro, discretamente, com uma voz à sergio boca:

Era tudo brincadeirinha... cê sabe né? Pra descontrair... Se não, a vida fica muito séria! Então, cá entre nós, pelo menos por hoje, você não quer desempenhar papel de homem não?

Pê agá êne, brou! “Em princípios, a princípio...”

credolo


cada igreja, cada grupo, cada escola
um dogma : amem
uma ciência : ça piens cia
credo [?] : encruiz!
antítese : antitética
exegese : exigente
metástase.
neopasmaceira
neo_plasia : naturalmente sintética.
cada cabeça, uma sentança.
amém.

jh


Jornal Hoje, só ontem.

sábado, 28 de abril de 2012

brânquea mento


Numa noite extraordinária dum dia ordinário, ela, sem nada pra fazer, vai fazer o que sempre faz: agredir acnes e rosas. Diante do espelho.
Diante do espelho. Procurou, procurou, procurou e, acnes e rosas, não achou. Mas... mas... mas..., eis que, de repente, mais que de repente, ela identifica um cabelo branco.
Diante do espelho, estranhamento total. Não mais [se] reconhecera aquela estranha no espelho. Espelho carrasco, sincero, atrevido.
“Paradigma indiciário” de que o tempo é inexorável: passa ou para. Para algumas pessoas. Para. Para outras, passa. Paradigma conclusivo de que o tempo pode ser amigo ou inimigo. Depende principalmente da forma como se lida com ele.
Diante do espelho, lembrou-se do livro de Sidney Sheldon: “Um estranho no espelho”.  No outro dia, comprá-lo-ia. E, novamente, sheldou: “Se houver amanhã”.
Na certeza incerta, pensou: há de haver amanhã. Agendaria o primeiro horário no salão de beleza “Martelin d’ouro” e mandaria reparar aquela avaria na lataria.
Diante do espelho, tivera certeza de que, doravante, teria de reservar, mensalmente, no parco orçamento, uma verba para a lanternagem. Mesmo que fosse para reduzir da parte até então destinada à cesta básica.
Ainda que fosse tratada como uma questão de aparência, a questão não era conjuntural, mas, de estrutura, de essência. Era uma questão de raiz.
Raiz que, sem sequer consultá-la, sem ao menos comunicá-la, sem pedir autorização, resolvera mudar de cor: branco radical.



quinta-feira, 26 de abril de 2012

atodefédeapóstatas


ATO I
Pessoas ordinárias chegam desconfiadas, sorrateiramente. Fogem das extraordinárias.
ATO II
Precisam se deslocar de um lugar, bandeiroso, para outro, mais surdinoso.
ATO III
Quando começam a marcha de deslocamento, a quinta sentinela do exército ordinário avista um batedor extraordinário (a vista) e, pouco depois, uma companhia de extraordinári@s, e grita:
ATO IV
Abaixoavanguarda!
ATO V
Entre @s ordinári@s, aquela figura maluca de sempre, que sempre (se) pergunta os porquês e os comos de tudo, seperguntasemanifestando-se:
ATO VI
Questão de ordem, melitante: “abaixoavanguarda” é com ou sem vírgula, é com ou sem crase?