segunda-feira, 16 de abril de 2012

fêniqas


Linha Padre Nóbrega/Presídio, Marília, 14 de abril de 2012.
Na fila, sacolas plásticas transparentes. Algumas, colocadas dentro doutras: privacidade almejada. Umas mais cheias. Outras, mais vazias. Outras, quase esvaziadas.
Numas, principalmente produtos ditos de primeira linha. Noutras, malemá, tubaína finada.
Numas, só coisas industrializadas. Noutras, mais coisas caseiramente preparadas, rangos de quebrada: macarronada com frango, macarronada com salsicha, arroz risoto, pão caseiro, farofa, doce de abóbra, etc.
Aquelas sacolas, transparentes, obrigam as pessoas a mostrarem tudo o que [n]as sacolas carregam. Aquelas sacolas transparentes permitem que terceir@s fiscalizem tudo o que nela está a ser transportado. Exceto...
Exceto as dores, as angústias, os medos, as vergonhas, os constrangimentos, as humilhações, as desesperanças, desilusões. E, por que não, as alegrias, as coragens, as esperanças fêniqas? Isso tudo parece que, às vezes, transparece nos rostos dos olhares das pessoas das sacolas transparentes.
E ainda há gentes que acreditam piamente naquela caôzeira de que “a pena não passará da pessoa do réu”, apenas.
Linha Padre Nóbrega/Presídio, Marília, 14 de abril de 2012.

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