domingo, 6 de maio de 2012

desperta dor


Sobre o contexto
Mó frio. Num pleno maio pré-junho, naquele colchãonet tipo pão francês na chapa (bem chapado!), com um cobertorzinho tipo peleja (daquele que cobre os pé, descoboterta a cabeça, coberta a cabeça, descobre o pés), sonhando com a não-chegada do pesadelo da hora de acordar. De_perrente, o despertador – que na realidade, é um telefone celular – do melitiante toca.

Sobre a máquina
 Bom, cabe, talvez, um parágrafo sobre o despertador. Em tempos de um novo-velho perfil de trabalhador – produção-acumulação flexível, logo, trabalhador mais-que-flexível (resiliente! resistente!), polivalente (“mais valente que poli”, disse uma velha professora [o que é diferente de uma professora velha {afinal, quase já não mais existem professor@s velh@s, pois quase já não mais há professor@s de madeixas embranqueadas}]) –, até o despertador, ou melhor, o celular, assume essas características: totalflexpolivalente. O celular é, ao mesmo tempo, nada mais do que tudo: tudo o que aquele trabalhador precisa: polivalência. Ao mesmo tempo, flexível, até mesmo compreensível e solidário [quem dizeu que máquinas não têm sentimentos? se human@s (os) têm...] com a situação não-engraçada (eufeminismo para desgraçada) do trabalhador: sabe, o desperta_dor como é duro acordar na primeira chamada [a própria escola ensinou que a primeira chamada é só para avisar que haverá uma segunda chance {de fugir, de desistir}!]; dá um boi pro caboclo dar os últimos respiros e suspiros (por cima e por baixo) em_de_baixo do cobertor. É o trabalhador com plena autonomia de controle sobre a máquina que o desperta, mas sem controle algum sobre a própria máquina (n/a) qual (se) encarna.
Fim do com_entário sobre as máquinas.
Bom.  Este, que estas linhas (d)escreve, desperta também e, um pouco assustado, pergunta pro melitiante do despertador que horas eram.  Cinco horas [?] Cinco e meia[?] – respondeu o melitiante.  Este, que estas (d)escreve, pensou: que absurdo! e disse:  meu, ainda é ontem! Meia hora depois, o despertador – na real, um celular – deste, que estas (d)escreve, desperta: é hora d’eu também levantar. Quanto horetnocentrismo.

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