terça-feira, 5 de agosto de 2014

dido

Direitoso, fazia tudo pela direita. fazia tudo com a direita, tanto é que mandara amputar o hemisfério esquerdo do cerencéfalo. Catarrava pela direita. Espirrava pela direita. Chutava pra direita. Jogava pela direita. Deitava pela direita. Levantava pela direita. Nem pelo meio nasceu, mas, sim, pela direita. Vivia pela direita. Morreria pela direita. Adorava os militares, pois na escola ensinaram que eles fizeram uma ‘revolução’ para combater o golpe da esquerda. Quando leu “Um olhar à esquerda” ficou muito decepcionado: entre seus heróis havia não-direitas! Como podia aquilo? Como pode isso? Alistou-se no serviço militar para combater pelo estado democrático de direita. Mas, nunca mais se esquecera do “Um olhar à esquerda”. Primeiro como milico incorporado: morrer pela direita ou viver sem razão. Primeira sessão de ordem unida: percebera que o sargento comandava mais “esquerda volver” que o inverso. Não pensou ½ vez. Ficaria de olho nesse sarginha, pois, certamente, ele só podia ser de esquerda. 

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