domingo, 14 de setembro de 2014

tonee

                Com fome. Muita fome. Daquelas fome que só quem com ela convive/conviveu sabe coméqueé.
         Resolvera procurar algo pra comer, nem que fosse no lixo (,) do lixo, se é que, àquela hora da madrugada, algo haveria de engolível no lixo.
         Passou numa doceria. Sequer lixo havia. Resolveu olhar a vitrine pra ver se conseguia enganar a mente e a mente enganar o cérebro e a fome parar.
         Mas, o efeito foi inverso: começara a salivar e a barriga começou a ter convulsões epiléticas em sentido anti-horário.
         Na vitrine da doceria o alerta: “vidro blindado”. ‘Nem dá...’, pensou pra si mesmo, ‘Deixa pra lá...’.
         Andou um pouco mais e encontrou uma padaria. Nada no lixo, que já não havia. Sequer um guardanapo de papel melecado com um pouco de maionese ou com alguma gordura comestível havia pra mastigar. 
         Foi contemplar a vitrine: “Sorria; você está sendo filmado”. ‘Sorrir... àquela altura do campeonato... só se fosse em decorrência do efeito já quase alucino-delirante da fome’ - pensou.
         A fome era muita. Comeria até o papelão de uma caixa de pizza usada ou então qualquer coisa que tivesse cheiro de algo comível.

         Lá na doceria o vidro era blindado e não daria pé. Mas, e na padaria? Que vidro seria? Procurou, procurou, até que achou: “vidro temperado”. Não deu outra... não teve dúvidas...  não pensou duas  vezes: começou a lamber o vidro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário