domingo, 30 de abril de 2017

divauta


Cheio dos chavões, era especialista, ganhava a vida ministrando palestras de – dizia ele – autoajuda. Suas palestras de autoajuda eram baseada em releituras de terceiros.

Usava técnicas as mais variadas para se passar por expert, cativar a audiência e conquistar autoridade em diversos aspectos.

Gostava de envolvimento. Sabia como tocar no ponto fulcral da plateia. Não se preocupava com os extremos do gráfico. Queria sempre a média, pois era a média que lhe dava retorno que lhe alimentava a alma: financeiro. O importante era estar na média, atingir a média.

Arrumou a gravata, acertou o microfone e começou:

“Faço questão de olhar nos olhos durante minha palestra. Conversa sincera tem que ser olhos nos olhos. Quero vocês olhando nos meus olhos! Quero que falem comigo com voz firme, em alto e bom tom. Vamos começar com o pé direito, se não... as coisas não dão certo! Quero eu vocês repitam, com empolgação e em voz alta: EU NASCI PARA VENCER! EU NASCI PARA COMANDAR! Repitam!”

Como gostava de chavão e não tinha hábito de refletir sobre o que pensava pensar e falar, não considerava as diversas diversidades funcionais. Afinal, sua preocupação era com a média. Principalmente porque é a média que garante financeiramente a audiência de sua séria comédia.

Considerava suas receitas universais. Achava-se, com certeza, na média, o máximo. 

Moda. Média. Mediana_mente: medíocre.


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