sexta-feira, 1 de junho de 2018

arox







O ar estava permeado por um neogospel emanado do celular da recepcionista, que, sorrindo, estava a escrever no feizsebuq.

As pessoas que aguardavam, não obstante a clássica placa que pediordenava silêncio, falavam a todo vapor, rareando o oxigênio.

Os assuntos eram os mais variados: a inflação, que só subia; o salário que só baixava; a copa do mundo; o casamento do príncipe do estrangeiro; a prisão ilemoral de Lula; o preço da cesta básica; a Dez mandamentos etc.

No canto mais ao canto, uma senhora. Com toda a pele tatuada – em baixo relevo – pela vida dura, fitava a parede com um olhar longo, perdido, longínquo e criptonítico. Aparentemente alheia a tudo o que se passava no local, resmuncantarolava, no seu canto, um canto triste, um triste canto: “Si as água dus mar da vida quisé ti afogá... Si as tristeza dessas lida quisé ti sufocá...”

Enquanto isso, num oposto canto, um dito ‘paciente psiquiátrico’, alheio aos autoproclamados normais, folheava e lia, em voz alta, algumas coisas de uma revista da 1º de ABRIL editada há algumas décadas: “Frêé: cada um na sua com algo incomum”.

Costumes incomuns...









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