sexta-feira, 22 de abril de 2016

cridico

I
Tratava-se de uma expressão tipicamente familial.
Assim, naturalmente aprendera e, mais que naturalmente, passara a usá-la.
Quando alguém era mão de vaca, sovina, regulado, miserável (ou miserento) era chamado:
“Rídico”.
Até que, num ordinário dia, alguém autodito erudito, de imediato, faz a correção:
“Não é ridico; é ridículo!”

III
Pensando bem, “ridico” soa menos pior que ridículo.

[O ato de pronunciar ridículo
já parece expor exponencialmente
o pronunciante ao ridículo.?!]

Porém, passou a usar o certo: ridículo. Por mais ridículo que se sentisse ao fazê-lo.
E, assim, passara a cobrar da própria mãe, que o fizera passar [por] ridículo por lhe ter ensinado o termo “ridico”, para que ela passasse a, corretamente, pronunciar o termo correto: ridículo.

IIIIII
Cobrança daqui; cobrança de lá... : “não é ‘ridico’, é ridículo!”
Aliás, é ridículo dizer ‘ridico’!
Dada circunstância, depois de inúmeras correções, talvez cansada de tser chamada a atenção, ela usa o termo ‘ridico’ e diz: “eu sei que essa palavra não existe e que o certo é ridículo, mas eu quero dizer ‘ridico’.”

XI
Talvez ela não quisesse se expor ao ridículo de pronunciar uma palavra tão ridícula: ridículo.

IXI
Relativizando a anti-sociolinguística.
Relativização tem limite.
O limite é relativo.

Seu inferno.

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