sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

o ato descrever


O ato d’escrever pode colocar o ator na condição de suspeito: suspense, suspeição. Atrai olhares, às vezes, coléricos, como que a dizer: q’escreves? Q’subscreves? Q’assinas? A quem deletas? A quem delatas?
Butequeiro: pensa que é da vigilância sanitária
Açougueiro: pensa se tratar que é a puliça na cola das carnes clandestinas
Gerente-frentista: que é da inspeção de qualidade da bandeira do posto
Nóias: que tá mapeando
Entregadores: que estão sendo vigiados
Fregueses: que estão sendo pesq[s]ados
A puliça: tem certeza de que escrever é uma atitude no mínimo suspeita, inda mais quando o suspeito não é da casa. Se for da corregedoria, tá morto. Se não for, leva porrada.

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