quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

péraí


Com olhos brilhosos, porém, sem brilho
                       lacrimejantes, todavia, sem lágrimas.
Com trejeitos de ansiedade, mas sem esperança.
A garrafa de pinga na mão direita, era o lubrificante da vida dura.
A faca enferrujada na mão esquerda, a garantia da continuidade da vida bruta.
[não que fizesse questão de continuar, era só uma reação instintiva-vital.
Anunonu ucarái! Pra ela, segundo ela, era tudo igual. Os dias repetiam-se, as semanas se repetiam, os meses eram repetidos, os anos, há anos, se repetiram.
Não tinha fé, ódio, rancor, alegria, tristeza, nem esperança. Só sentia fome, que com[o] lixo matava, e sede, que com a cacha saceava. Não queria conversa com ninguém, nem caridade, compaixão etc.
Por que, então, conversara comigo?
Queria ter certeza de que eu não era um filho dela que ela já desistira, há muito, de encontrar.
Então [,] tinha ela alguma esperança?

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