sexta-feira, 20 de abril de 2018

alto-retrato





Muito, muito.
Muito de Sartre gostava.
De tudo?, talvez não. Talvez.
Um neopósnihilsartrexistencialista? Talvez. Talvez.

Do que mais gostava?
Da maximissíma máxima:
“O inferno são os outros.”

Tinha vontade de incrementar, elevar à maximissíma potência essa máxima:

O inferno são sempre os outros. Sempre e tão somente os outros.
Os outros são o inferno. Um inferno. Infernal. Figurado. Literal.
Enfim, se fosse para fazer o incremento, escreveria a máxima de tantas formas, de tal forma que ultrapassaria a brochura “O ser e o nada”.

Um dia pensou em parar.
E parou para pensar.
Em tudo. Quase tudo, talvez, nada.
Pensou em coisas mínimas. E também na máxima.
Sendo um maximalista, na máxima parou. A  pensar. De pensar...
E concluiu.
Concluiu que
 Certamente
Evidentemente
Inegavelmente
Invariavelmente
Inevitavelmente
:
o inferno os outros são.
o inferno o outro é.

Frente ao espelho
Concluiu, não com um talvez:
Ele era os vários outros, o único outro de si mesmo, do seu eu.

E viu que tinha razão:
Seu inferno, seus infernos eram seus eus, seu eu.
Esses eus, esse eu: era ele, que sou eu.


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