sábado, 3 de março de 2012

gramaticandu


Sobre World, sanitários, gramática e outras coisas: inflexões

Dias desses, pensava sobre como, do ponto de vista de gramática normativa da Língua Portuguesa, o Word é um tremendo traíra. Isso por diversos motivos. E não se trata de xenofobia lingüística, ou, mais especificamente, anglofobia. Nem mesmo lusofilia. Ou aversão à informática, à MicroGates ou coisa assim.
Em outras palavras, acho que o Word é uma espécie de analfabeto antifuncional, pois se acha – ou acha-se? - no direito e competente para corrigir erros, ou o que ele entende por erros, de fonética, fonologia, ortografia, morfologia, sintaxe, pontuação etc., quando sequer sabe o que @ teclante pretende escrever. O Word não consegue entender que a palavra escrita, em algumas situações, está muito aquém do sentido que a ela se pretende atribuir.
Voltando à hipo-tese de que o Word é um tremendo traíra, começa pelo fato de ele não saber se se está fazendo referência, para além da etimologia, a uma possível conjugação do verbo trair ou se se está referência fazendo àquele peixe – ou peixa? – antropocentricamente denominado traíra, ao se utilizar, neste pseudotexto, a palavra traíra.
Será que isso não é uma evidência de que o Word, para fins gramaticais, é um perigo, em especial quando o assunto é acentuação, até porque, se se escrever evidência sem o circunflexo, ou seja, evidencia, ele, o Word, aceita, sem gritar, seja em verde ou vermelho. Portanto, o fato de o Word ficar confuso com a palavra evidência pode ser uma evidência de que é preciso desconfiar: das correções e não-correções, das sugestões e outros ões do Word. À possível pergunta sobre se o World é um bom companheiro para se aprender a gramática, talvez a resposta mais sensata – ou menos insensata? – seja: depende.
Já o vulgo banheiro, para alguns WC, para outros, sanitário, para outros ainda, ainda outras terminologias, comumente – ou normalmente? – é associado única e exclusivamente às necessidades fisiológicas (por que não Biológicas? Humanas? Exatas? Exatamente!), como se fosse a única finalidade, ao utilizá-lo, sair mais leve.
Dias desses, pensava sobre como, do ponto de vista da gramática normativa da Língua Portuguesa, o sanitário da FFC é um tremendo aliado, além de ser um excelente passatempo. Uma ressalva: pelo menos os sanitários masculinos. Não. Não se trata de questão de gênero, sexismo, machismo ou algo do gênero. É que nunca entrei nos sanitários femininos! Voltando aos sanitários, voltando à gramática, enfim, voltando, é que nos sanitários parece ocorrer de forma efetiva a interdisciplinaridade. Enquanto nas salas de aulas os assuntos são tratados disciplinarmente (no amplo sentido da palavra, inclusive no que diz respeito ao radical para com os raros espécimes de radicais recalcitrantes que ainda restam).
Para não prolongar a divagação sobre os sanitários, fica uma sugestão apresentada num deles: “Habitue-se a ler.” Talvez tenha faltado um complemento: E também – ou principalmente? - a escrever. E, quando necessário, corretamente.
Aprende-se: a andar, andando; a nadar, nadando; a coisar, coisando; a ler, lendo; a escrever, escrevendo. Logo, pode-se inferir que se aprende – ou aprende-se? - a gramaticar gramaticando.
Voltando aos sanitários, “Habitue-se a ler.” E a escrever. E, quando necessário, corretamente.  E ponto final.

Nenhum comentário:

Postar um comentário