quinta-feira, 29 de março de 2012

papudema


Historinha de maconheiro. Pra boi cochilar.

Não sabia bem o que queria. Mas sabia, ou pelo menos pensava saber, muito bem o que não queria: ‘güentar umas idéias vicinais. Alternativa: o but. O but é sempre, ou quase sempre, a salvação. Ou a perdição. É... aquele memo but.

Mas também não queria ir no but. But, ao meio dia é coisa de pingaiada inveterado (ou invertebrado: não tem controle sobre a pecaminosa carne?).

Foi até o orelhão, embora soubesse estar quebrado e nem mesmo tivesse a fim, muito menos pra quem ligar. Nem cartão tinha. Puta cheiro de brenfa. Teria alguém acabado de carburar um, muquiado no orelhão? E se a coral parasse bem naquela hora e desse um enquadro? Como dizer que coisa e tal, acabara de chegar, que tava zerado etc.?

Lembrou de uma transa em que, de madrugada, sem sono, com vontade de margá uma, foi prum orelhão, só pra matá tempo. Passou uma cinza, com os caras quase que caindo pra fora da porta, encarando: “vão vê se esse meliante deve”. Mas, como o meliante nada devia, encarou os caras, também, e eles vazaram em busca de outro meliante. Quando o meliante resolveu apoiar a mão sobre o aparelho telefônico, algo havia ali. Ao conferir, era um bem-bolado, pronto pra uso. Se os caras tivessem parado, ia levar um punhado de coisadas, ‘inda mais quando dissesse que aquilo não lhe pertencia.

Fechados os parênteses. De volta à vida alheia.

Uns trutas jogavam uma partida de bilhar. Um deles disse, em tom de espanto: “que charutão!”

Idéias e fatos irrelevantes.

Já que tava na porta do bar, tomá uma, né? Telhado de zinco. Mó calô. Ao contrário da última história (para quem a ela teve [a infelicidade de ter] acesso), cerva quente. Parecia que havia acabado de tirar de cima do caminhão. Fazê o quê? Da mais barata, só naquele grau. “Não tá bem gelada, não.” Concordara. A cerva parecia que acabara de sair do processo (abortado) de pasteurização. Dava pra cozer ovo, desfiar costela. Não faz mal. Com apenas aquela cerva, cozinharia o galo: umas duas horas (chutando baixo) pra tomá.

O mesmo truta que havia ‘dimirado o grau do charlie (brown), disse: “xi, tá vortano”.

Um truta, com um paiero - que lembravam, ele e o paiero - algo como o “Jeca Tatu” {Só não sei se o “Jeca” (“Tatu”) fumava [fumava?]}. [fechados os parênteses]. O truta entra no but. Aquilo não era um charuto. Poderia ser um tubo de esgoto, de quatro polegadas; uma anti-aérea, ou melhor, um lança-chamas (sem chamas!). Sabe-se lá se com hífen ou sem hífen. Mas que era bitelo, era!

O butequineiro resmunga algo no sentido de que o cara vazasse com aquele flagrante. E que flagrante. O manu véio resmunga algo.

Ocorre que o cara já tinha pedido o maçarico emprestado pra coisá o carbureto. Só que o trem apagô e o cara voltou pra coisá de novo. Afinal, se não há fumaça, quase sempre não há fogo. “E daí, comé que é?”

Umas idéias ligeiras. O butequineiro fala pro truta baná c’quela maconha. [é que a coral passa direto (direto é sempre e quase parano, e não que ela passa batido) na frente do but!]

O cara argumenta: “É fumo caipira”. Riso geral no but. Menos do butequineiro, que devolve: “Sô tonto, agora?” Sinal de que conhece o produto.

O truta sai, sem mais conversa. Cabeça baixa. Pensativo. Uma expressão eclética: indignação, resignação, frustração, humilhação, e tantos outros ãos. [Entre tantos outros ãos, muita pretensão sugerir o que sentia o trutão. Personagem onisciente.] Fechados os parênteses.

O truta [um outro truta] que jogava bilhar com aquele outro truta: “Deixa o caipira sabe disso!”

A mulher que tava limpano o but, abaixa-se, apanha algo, que é levado à nasa: “maconha memo! Fumano maconha bem no meio da rua. E é um véio [velho], hein!” Os crambulhão que caíram eram bem grandinhos. Se pá, dava té pra coisá um fininho. [será que a muié jogô fora ou guardô? Não reparara].

O truta (parceiro de bilhar) do primeiro truta: “Cara forgado, meu...” O comentário prosseguiu. “Esse mundo tá perdido”, disse a muié.

No estado que o manu véio tava, talvez não percebesse eventual pial [que não é “Legand”]. Mas, se o manu véio jogasse aquela idéia de “fumo caipira” pra cima da coral, de várias, duas: ou seria dispensado de boa (como 13), ou, o mais provável, levaria mais raquetadas do que bolinha de tênis em torneio de tênis. Óbvio, pois, se fosse em torneio de outra coisa, a bola-alvo seria outra. Roland Garros. Não daria pra cantar Bezerra: “não tem flagrante porque a fumaça já subiu pra cuca”, porque o treco era grande memo! E grosso! Talvez até desse outro enquadro: porte de arma. De uso exclusivo das forças armadas. Não daria tempo (nem jeito) de engolir. O jeito seria enfiar na cueca e alegar intumescência do corpo cavernoso. Haja sangue!

Nenhum comentário:

Postar um comentário