domingo, 6 de novembro de 2011

crurrealidade


As pessoas sentem
sentem muito: muito tudo.
muito medo: muito mesmo
mas, não é só medo.
é medo e ódio: é ódio e medo: meio-ódio, meio-medo, meio-dia, todo dia
é medo-ódio: é ódio-medo
Num olhar, medo. Noutrolhar: ódio.
Naum olhar proutrolhar. Pra se não se ver-se o que se-quer-se negar.
Há medo. Muito medo. Há ódio. Muito ódio.
Ta na promoção: um leva [a]o outro. Outro leva [a] um.
Josuka di Castro há_via dizido qe metade du mundo fome passa e, metade outra, com medo daquela metade, dorme não.
Coisadensô. Parece que agora o medo não mais é só de uma metade em relação à outra.
Não só medo, mas mais ódio.
Já não dá pra dissimular. Já não precisa simular: o medo, o ódio, nas íris iradas.
Olhar ou não olhar: já não mais faz diferença, pois é um não-olhar.
Não olhe, não escute, não pare. Passe por cima. Se não cê perde-se [n]o trem. O trem te pega.
Omêdagora é geral. As metades tem medo uma das outras. E mais: medo tem de si mesmas.
Por isso, evitam o espelho, porque mostra a crurrealidade que surreal não é. O photoshopping é melhor.
Alteridade alterada. Identidades idêntica.
Medo transformado em charme; ódio, em glamour, consubstanciados, transubstanciados num jeito sexy de ter: medo-ódio.

Nenhum comentário:

Postar um comentário