sexta-feira, 25 de novembro de 2011

RUstatísticas


Algumas pessoas o taxavam e tachavam-no pirado, encanado, esclerosado e outros ados, sem contar os rótulos habituais aplicados a quase tod@s: reacionário, conservador, revisionista, reformista e outros istas.



Mas a pira não era essa. A pira era fogo. O treco era denso. Sempre encanava que estava sendo vigiado de perto. Não. Não era pelas naves espaciais da revolução supraintragalática. Não era pela Rádio Patrulha Ideológica.



Tinha certeza. Essa desconfiança era confiável. Não estava sendo vigiado pelo M-16, pelo AK-47 ou pelo AR-15. Estava sendo vigiado, de perto, pelo MRU. Não, não era o Movimento Revolucionário Unificado ou Universal, mas, sim, pelo Management of Restaurante Universitário – MRU.



O nono sentido não falharia. Sempre que coletava restos de carne das bandejas no RU para preparar as refeições para os cachorrantes, tinha a sensação de que estava sendo filmado. Quando servia as refeições, idem.



Um dia fora abordado por um burocrata, que lhe entregara uma intimação ou convocação para levar um lero com diversos superburocratas da comissão de sindicância, responsáveis pela boa administração do campus minadus.



Acusação: apropriar-se de restos de comida para autofavorecimento. Mas a própria filmagem invalidou esse argumento, pois não estava comendo a comida, mas, sim, servindo aos cachorrantes, que também não eram seus. Além disso, os latintes [ainda] não votam, nem mesmo para os colegiados da fefecê, o que excluiria a possibilidade de troca de comida por votos.



Conversa vai, conversa vem. Reuniões secretas. Testas franzidas. Cruzares de olhares. Conversas depédouvido. Queixos para as laterais. Queixos para cima e para baixo. Anotações.



Alteraram a acusação: desviar comida de seu destino final e determinado, o lixo, com a agravante de, com isso, fraudar dolosamente as estatísticas de desperdício de comida no RU. Tudo é passível de absolvição, exceto fraudar as estatísticas.

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